sábado, 3 de setembro de 2011
Lua Adversa
TENHO FASES, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Cecília Meireles
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Até quando terás, minha alma, esta doçura
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
TUDO DE MIM

Acordo bonita, dourada como um dia de conquista
mas, às vezes, insone como a solidão que te agonia
armada de argumentos fortes, pueris ou liberais
também na defensiva: artificial metáfora... fria
energúmena e sagaz, perfumada com luxúria
enfeitada, pura, diáfana indumentária... fugidia
sou livre, paciente, delicada e performática...
o que desejas de mim hoje? – De tua servil poesia!
Maria de Fátima Maia
domingo, 31 de outubro de 2010
Lição de casa

Você tampa a panela,
dobra o avental,
deixa a lágrima secar no arame do varal.
Fecha a agenda,
adia o problema,
atrasa a encomenda,
guarda insucessos no fundo da gaveta.
A idéia é tirar a tarja preta
e pôr o dedo onde se tem medo.
Você vai perceber
que a gente é que faz o monstro crescer.
Em seguida superar o obstáculo,
pois pode-se estar perdendo
um espetáculo acontecendo do outro lado.
Atravessar o escuro
até conseguir tatear o muro,
que é o limite da claridade.
Se tiver capacidade para conquistá-la,
tente retê-la o mais que puder.
Há que ter habilidade, sem esquecer
que a luz é mulher.
Do inferno assim desmascarado,
é hora de voltar.
Não importa se é caminho complicado,
se a curva é reta,
ou se a reta entorta.
Você buscou seu brilho, voltou completa;
jogou a tranca fora, abriu a porta.
Flora Figueiredo
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
ELEGIA

Há um vestígio mineral
na sua ausência: algo
que sem estar ainda
fica: fatia de cristal
que não se vê e brilha:
solidez em transparência
elegância de pedra, luz
do que é perda e não.
Há um vestígio musical
na sua ausência: algo
que é sigilo e ressonância:
sintonia de cristais
sílabas de sim no
silêncio do som e do aqui.
Maria Esther Maciel
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
O Que Eu Quero
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Lua
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