segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Lua


Lua,
me ensina essa calma
branca,
sua.
Lua,
me beija a polpa da carne,
me inscreve
a maré.
(Iluminar areia
estender a onda,
é lua.)

Lua,
me ensina
essa tua cara aberta
descosida e nua.
Sua.
Lua,
me mostra
a estação das vindas,
os cestos de trigo,
a multidão dos bóias-frias.

Lúcia Villares

domingo, 12 de setembro de 2010

Fragmentos de Eliot



Pertence a ti toda esta tarde



e a tarde pode resumir uma vida inteira.
Finges que compreendes teu amigo
e sorris ou mostras um rosto grave
conforme o assunto debatido.
Te perdes em dúvidas, nem te interessam
os gerânios, jacintos e lilases
destruídos nos versos de Eliot.
A agonia cabe em uma tarde.

Adele Veber

domingo, 5 de setembro de 2010

NÓS (canção)



nós somos a forma bonita, completa de se cantar
nós somos a voz e a palavra que nunca vão acabar
cantando e amando e vivendo
com toda a vontade que é possivel ter
nós somos a forma bonita, completa de se viver

nós somos o ser extravazado que o nosso sentir nos dá
o mito complexificado em busca do que não há
cantando e amando e vivendo
com toda a verdade que é possivel ter
nós somos a forma bonita, completa de se viver

e eu canto e eu quero o que eu canto
eu preciso cantar para encher essa forma
eu sou o que eu canto
é na voz que eu rebento de mim
alguém completado na vida
prolongado na morte que já ninguém tem
a partir do momento em que a forma bonita
se encheu de uma essencia qualquer de ser

nós somos a dor mais profunda que existe em todo o planeta
nós somos também a alegria melhor que se inventa
se alguém perguntar afinal
o que é que nós somos de tão lindo assim
a resposta é tão simples
basta olhar pra vocês e para mim

Mafalda Veiga