sexta-feira, 11 de junho de 2010
Olmo
Sei o que há no fundo, ela diz. Conheço com minha própria raiz.
Era o que você temia.
Eu não: já estive lá.
É o mar que você ouve em mim,
Suas frustrações?
Ou a voz do vazio, essa é a sua loucura?
O amor é uma sombra.
Como você chora e mente por ele.
Ouça: estes são seus cascos; fugiram, como cavalos.
Vou galopar a noite inteira assim, impetuosa.
Até que sua cabeça vire pedra, seu travesseiro vire turfa,
Ecoando, ecoando.
Ou devo te trazer o borbulhar das poções?
Isso agora é chuva, esse silêncio imenso.
E este é seu fruto: branco-metálico, como arsênico.
Sofri a atrocidade dos poentes.
Queimada até as raízes
Meus filamentos ardem e ficam, emaranhado de arames.
Meus estilhaços se espalham em centelhas.
Um vento violento assim
Não suporta obstáculos: preciso gritar.
A lua, também, não tem pena de mim: me engole,
Cruel e estéril
Seus raios me arruínam. Ou quem sabe a peguei.
Eu a deixo fugir, fugir
Magra e minguante, como depois de uma cirurgia radical.
Seus pesadelos me enfeitam e me possuem.
Dentro de mim mora um grito.
De noite ele sai com suas garras, à caça
De algo para amar.
Sou torturada por essa coisa negra
Que dorme em mim;
O dia inteiro sinto seu roçar leve e macio, sua maldade.
Nuvens passam e se dissipam.
São estas as faces do amor, pálidas, irrecuperáveis?
Foi pra isso que atormentei meu coração?
Não consigo compreender além.
E o que é isso agora, essa cara
Assassina com seus galhos sufocantes? -
O beijo traiçoeiro da serpente.
Petrifica o desejo. Esses são os erros, solitários e lentos,
Que matam, matam, matam.
SYLVIA PLATH
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